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“Ciências Exatas Contemporâneas”, de autoria de Álaze Gabriel.
ORIGEM
DAS CIÊNCIAS EXATAS
Cientistas alemães chegaram à conclusão de que a
origem mais remota das ciências exatas não se deve a estudos da humanidade
sobre fenômenos mecânicos e astronômicos, como se pensava até agora, mas à
necessidade de administrar Estados e territórios.
Os estudos foram dirigidos pelo matemático e
pesquisador Peter Damerow, do Instituto Max Planck de História das Ciências.
Entre sua equipe está a historiadora boliviana Carmen Beatriz Loza, que
decifrou os quipos incas --cordas amarradas com as quais os índios do Peru
supriam a falta de escritura-- pertencentes à coleção do Museu Etnográfico de
Berlim, a mais importante da Europa.
"Um dos resultados mais surpreendentes da
pesquisa sobre as origens da ciência provavelmente mais antiga da humanidade,
as 'matemáticas babilônicas', é a revelação de que não surgiu de experiências
técnicas ou da astronomia, como se afirma em geral, mas da administração",
afirmou Damerow.
A pesquisa está compreendida dentro de um amplo e
complexo projeto de longo prazo dirigido pelo professor Juergen Renn, do
Instituto Max Planck de História das Ciências, dedicado a entender melhor os
processos históricos que incidiram nas mudanças estruturais ocorridas nos
sistemas de conhecimento da humanidade.
Uma das questões centrais neste estudo é "como
o homem chegou ao conceito do número, ao sistema númerico, à noção de
quantidade, ao pensamento quantitativo, à aritmética", explicou Damerow.
Assim como na Babilônia, os desafios assumidos pela
administração do império inca, nas regiões andinas, demonstraram ser uma força
motora para o desenvolvimento do pensamento quantitativo em estreita conexão
com a elaboração de complicados sistemas de representação, como as tabuletas
com textos cuneiformes nas civilizações mesopotâmicas e o uso dos quipos na
civilização inca.
O objetivo do projeto do Instituto Max Planck, com
sede em Berlim, compreende a reconstrução das estruturas cognitivas centrais do
pensamento científico, o estudo da dependência dessas estruturas de sua base
experimental e de suas condições culturais, e o estudo da interação entre o
pensamento individual e os sistemas de conhecimento institucionalizados.
Boa parte das provas históricas e etnográficas
utilizadas agora como ponto de partida para a reconstrução do significado e do
uso dos quipus foram compiladas no século 19 por arqueólogos e etnógrafos, como
os alemães Max Uhle (1856-1944) e Adolf Bastian (1826-1905).
Entre os documentos cuneiformes mais antigos
estudados por Damerow se encontram também as tabuletas administrativas da
denominada Casa da Muller, um grande estabelecimento agrário da cidade-Estado
de Lagash, no sul da Mesopotâmia, que datam do século 24 a.C.
O texto mais antigo da humanidade, conservado no
Museu de História do Oriente de Berlim, é uma tabuleta de barro com escritura
cuneiforme de 4.500 anos, que contém uma antiquísima receita suméria de
cerveja.
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