quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A SINGULARIDADE DAS CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA



Blog “Ciências Exatas Contemporâneas”, de autoria de Álaze Gabriel.


Autoria:  
André Cabral de Souza (andrecs@finep.gov.br), chefe do Depto. de Fomento, Análise e Acompanhamento de Ciências Exatas e da Terra da Finep.



A SINGULARIDADE DAS CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA




A ênfase dada atualmente a temas como física, matemática, informática, automação, robótica, inteligência artificial, entre outros, demonstra a relevância do apoio à área para o desenvolvimento de diversos setores da economia.
Pela iniciativa de se criar a Diretoria de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a área de Universidades e Instituições de Pesquisa pode-se dizer existir uma vontade na Finep de reconhecer a importância destas instituições no desenvolvimento sócio-econômico do país e incrementar a sua inserção no processo de C,T&I , o que certamente vai ao encontro dos anseios da comunidade científica nacional e das necessidades do país.
Não restam dúvidas que a pesquisa básica é fundamental ao avanço do conhecimento e, conseqüentemente, deve ser incentivada. Entretanto, consideramos estratégico que não fique limitado a este tipo de pesquisa ou apoio para infra-estrutura, pura e simplesmente, os projetos da área das Universidades e Instituições de Pesquisa.
Esta preocupação teria duas vertentes: uma pela dificuldade existente em vários casos de distinguir qual tipo de pesquisa determinados projetos estão relacionados e a outra por estarmos, no âmbito geral, diante de uma fase do modelo de desenvolvimento científico e tecnológico, onde a cobrança de uma aplicabilidade imediata dos resultados, incentiva os pesquisadores a se dedicarem à pesquisas mais aplicadas.
Recorrendo a um texto publicado em 'A era do conhecimento: matrix ou ágora', temos que '... este novo modelo de produção do conhecimento se situa num contexto de aplicação, no sentido de que desenvolve pesquisas a partir da necessidade de resolver problemas práticos ou de atender demandas econômicas e sociais e não apenas de interesse cognitivo, como na pesquisa básica. Caracteriza-se pela transdisciplinaridade, pois se o conhecimento é produzido num contexto de aplicação e não apenas com a intenção de acumulação do conhecimento na área, muitas vezes o problema a ser solucionado através do conhecimento exige que disciplinas complementares trabalhem a seu respeito...'
No centro desta discussão, uma área que com certeza merece toda atenção é a das ciências exatas e da terra. Isto não só por tratar de demandas situadas em áreas tradicionais, como em áreas de ponta, mas principalmente por abrigar as mais básicas das ciências (leia-se como exemplo Física e Química). Razão pela qual existe hoje na Finep um departamento com esta temática.
Ao se compilar a literatura existente, pode-se constatar que temos pelo lado das Exatas as seguintes subáreas: Física (tratando, entre outros, de metrologia e nanotecnologia), Matemática, Estatística, Química, Computação, Informática e Astronomia. Ao passo que em Ciências da Terra, além da Oceanografia, temos as 5 sub-áreas das Geociências: Geológicas (que trata de diversos temas, entre eles a mineralogia), Atmosféricas (onde estão, entre outras, a meteorologia, climatologia, hidrometeorologia e a agrometeorologia), Geofísicas (que aborda o sensoriamento remoto, inclusive), Geografia física ( onde a hidrologia é um dos destaques) e, finalmente, a Geodésia.
Alguns especialistas e algumas classificações apontam, ainda, as Ciências Espaciais e as Agrárias como competência das Ciências Exatas e da Terra. Em diversos trabalhos, artigos e documentos, entre os quais as classificações por áreas de conhecimento, constata-se que uma das características marcantes das Ciências Exatas e da Terra é a sua forte interface com outras áreas, o que confunde às vezes a alocação de projetos de pesquisa e, conseqüentemente, o direcionamento dos recursos. Isto, certamente, pode distorcer a avaliação quanto ao apoio recebido.
Exemplificando, podemos dizer que parte das atividades da Matemática aplicada está sendo desenvolvida fora dos departamentos de matemática, o que leva a classificar projetos de matemática em outras áreas de conhecimento. Outros exemplos seriam a meteorologia, o rastreamento e a engenharia do meio ambiente, que em muitas das vezes são tratados fora das Ciências Exatas e da Terra.
Quanto à química, por ser central e básica para outras áreas de conhecimento, torna--se difícil a delimitação de suas fronteiras. Basta olharmos para a química analítica, que teremos elementos suficientes para visualizarmos esta questão.
Dando continuidade a este debate, não poderíamos deixar de mencionar a física, considerada pelos especialistas como a mais básica das ciências, sendo que o próprio desenvolvimento tecnológico tem levado-a a se aproximar mais das aplicações tecnológicas, corroborando o que falamos no início deste artigo.
Os pontos levantados anteriormente por si só justificariam a importância do incremento da carteira de projetos do departamento de ciências exatas e da terra, o que seria fundamental para a reversão do quadro atual que, diga-se de passagem, foi amenizado devido o apoio recebido, via alguns fundos setoriais.
Entretanto, devemos lembrar que a ênfase dada atualmente a temas como: física, matemática, instrumentação, informática, novos materiais, automação, robótica, inteligência artificial, GPS, entre outros, demonstra a relevância do apoio à área para o desenvolvimento de diversos setores da economia.
Finalizando, enfatizamos que o incremento desta carteira demandará ações técnicas - via a identificação de prioridades e elaboração de editais - e política - onde se apelaria para a sensibilidade e o largo conhecimento setorial de alguns dos dirigentes.
Cabendo no entanto aprender com as experiências passadas, de modo que a transdisciplinaridade da área não confunda a alocação de projetos.





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